outubro 09, 2001

Acusados de pregar o cristianismo passam bem no Afeganistão

da Reuters, em Peshawar (Paquistão)

Os oito ocidentais detidos no Afeganistão sob acusação de difundir o cristianismo estão bem, mas assustados com os ataques norte-americanos à Cabul (capital do país), segundo informou hoje Atif Ali Khan, o advogado dos presos.

Khan já pediu um visto para ir a Cabul continuar a defesa do grupo, mas sua viagem depende da duração dos bombardeios. "Falei com Cabul e me garantiram que eles estão a salvo, fisicamente bem, mas assustados com o que aconteceu", disse ele.

A defesa de Khan estava marcada para esta semana, mas foi adiada indefinidamente. O destino do grupo está nas mãos de 15 juízes que atuarão segundo a sharia (lei islâmica).

O grupo - duas norte-americanas, quatro alemães e dois australianos que trabalhavam para a ONG (Organização Não-Governamental) Shelter Now, de ajuda humanitária - foi preso em agosto, portando, segundo o Taleban, materiais cristãos em idioma local. Segundo Khan, a pena de morte é improvável nesse caso.

Outros 16 funcionários afegãos da ONG foram presos sob suspeita de se deixar converter ao cristianismo.

A prisão deles fica no centro de Cabul, e os alvos norte-americanos estavam todos na periferia da cidade. "Mesmo assim é uma experiência amedrontadora para eles", disse Khan. Funcionários do Taleban visitaram o grupo após o primeiro ataque, na noite de domingo (7).

Khan disse que os ocidentais estão "sob crescente pressão, porque são os únicos estrangeiros na cidade". Todos os outros, inclusive os pais de duas presas, foram obrigados a deixar o país depois dos atentados de 11 de setembro contra os Estados Unidos.

No mês passado, o diretor da ONG Shelter Now compareceu ao tribunal para dizer que nenhum muçulmano afegão foi convertido pelo grupo. Khan disse ter recebido garantias de que a agressão ocidental não vai influenciar os juízes.

O Taleban proíbe a prática de religiões no país, que não sejam o islamismo. No começo do ano, estátuas históricas de Buda dentro do Afeganistão foram destruídas pelo Taleban, apesar dos apelos internacionais.

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